A primeira, estratégia competitiva, teve como ator principal o Wal Mart. A história de evolução da empresa até se tornar a maior do mundo é impressionante. Mais impressionante ainda é analisá-la do ponto de vista das forças competitivas e analisando conjuntamente a indústria do varejo. Como comentei alguns posts atrás, o WalMart começou no interior dos EUA, no estado de Arkansas, com foco exatamente no tipo de cliente que era menosprezado por grandes redes varejistas como a Sears: o pessoal do campo, fazendeiros e produtores rurais, que só tinha acesso a compras por catálogo.
O crescimento da empresa ao longo dos anos foi pautado em estratégias extremamente eficientes e complementares para otimizar a cadeia de fornecimento, assegurar o menor preço sempre, reduzir perdas e obter indicadores em todos os aspectos relevantes ao varejo muito abaixo daqueles obtidos pelos demais concorrentes. Abaixo, uma tabela que demonstra a diferença dos indicadores chave do Wal Mart comparados ao do seu principal concorrente, o Kmart:

Como se percebe:
- O Wal-Mart COMPRA mais barato, reflexo de uma estratégia de negociação tremendamente agressiva com os fornecedores. Um dos debates mais interessantes em sala (onde, diga-se de passagem, estava a diretora de operações do wal-mart no Canadá) gravitou em torno de ser vantajoso ou não ser fornecedor do Wal-Mart. Não são poucas as histórias de empresas que foram a falência pressionadas por constantes reduções preço. Diz a lenda que uma vez que o primeiro pedido tenha sido colocado, o fornecedor do Wal-Mart deve se preparar para, anualmente, ser chamado para negociar uma redução de 10% no preço;
- A logística é muito mais eficiente;
- As perdas são muito menores, indicador conquistado pelo fato de que os associados (como são tratados os empregados do Wal-Mart) têm suas bonificações atreladas ao nível de perda das lojas em que trabalham;
- O Wal-Mart gasta muito menos que a concorrência com anúncio e propaganda, e por uma razão simples: já está totalmente consolidada da cabeça do consumidor que o Wal-Mart vende mais barato. E ponto final. Assim, eles não precisam mais ficar reforçando isso. Ao contrário, em cidades menores, é comum que estejam afixados nas paredes das lojas anúncios da concorrência para que os clientes possam comparar a atestar que, de fato, o preço ali é menor;
- O Wal-mart gasta muito menos com aluguel, porque seus super-centers estão tradicionalmente instalados em áreas fora das cidadese, portanto, com menor custo;
- Investe menos em TI porque não tem nenhuma preocupação com relacionamento com o cliente - basicamente, decidiram que o que eles vão fazer melhor é vender barato, e portanto, não se metem a fazer CRM e coisas do tipo (escolhas...);
- Têm folha de pagamento menor porque estão localizados predominantemente em centros menores onde, proporcionalmente, o salário é mais baixo;
- E, isso tudo somado, dá uma diferença de margem operacional de "apenas" 16% contra seu principal concorrente.
Em seguida, fechamos a manhã estudando o case do lançamento do Beetle nos EUA. Sinteticamente, a VW vinha amargando sucessivos anos de perda de mercado nos EUA e tinha no lançamento do Beetle sua GRANDE chance de recuperar mercado e rentabilidade. Portanto, não dava pra errar. O case abordou as difíciceis decisões da cúpula da volkswagen entre apoiar o lançamento do carro nbo apelo emocional que ele representava para os milhões de pessoas que tiveram o velho fusca (um sucesso absoluto de venda, que virou uma espécie de ícone da geração flower-power nos EUA na década de 60) ou se reposicionava o produto como um produto voltado ao público jovem. Isto tudo, conciliando com a imagem que a marca estava tentando afirmar (e cujo ícone foi uma campanha "Drivers Wanted", onde o mote principal era posicionar a marca Volkswagen como a que tem carros voltados àqueles que gostam de dirigir, controlar a própria vida, ao contrário daquelas que possuem carros para gente que gosta de viver tranquilamente, com carros "tediosos"). O resumo da ópera foi um lançamento muito bem sucedido que de fato superou as expectativas e impulsionou a VW na América, com um produto muito bem posicionado para jovens e como segundo carro da família, principalmente para as mulheres, mas sem fechar a porta ao saudosismo dos antigos proprietários. Um case que explorou bastante métricas de análise de marketing e aspectos de posicionamento de marca. Um dos insumos foi um instrumento denominado "Brand Report Card" que recomenda avaliar o posicionamento e potencial de uma marca baseado em 10 itens simples, mas efetivos.
Finalmente, pra fechar o final de semana, estiquei até Nova Iorque, onde o ponto alto foi o Gospel Brunch no bar dum cara cuja foto tá aí embaixo, onde enquanto o povo chafurdava nas coxinhas de frango com pimenta (as tais buffalo wings, pimeeeeeenta...), se apresentava o Harlem Gospel Choir. Uma experiência memorável, as cantoras entram literalmente em transe enquanto colocam seus vozeirões a serviços da música e do deleite dos presentes. Para ver um trecho, dê uma olhada no vídeo que postei em http://www.youtube.com/watch?v=6wjlG67MAno
3 comentários:
Excelente pedida! Não sei se as coxinhas de frango apimentadas compensaram, mas o vídeo postado já dá uma boa idéia de que valeu.
Lembro de um comentário do Nelson Motta, produtor musical brasileiro residente em New York, que sempre que podia levava músicos brasileiros (Lulu Santos e outros produzidos por ele) para ouvir o Gospel nas igrejas: "ví vários músicos gabaritados que saiam tremendo e suando das apresentações, aturdidos com a qualidade musical que presenciavam".
Num eventual (provável?) livro, sugiro que as experiências "extra-harvard" sejam incluídas, afinal, o que os seus "fiéis seguidores" estão aproveitando é a sua experiência e a sua construção de conhecimento. Seu blog só reforça os conteúdos que você mesmo já postou: o que se procura atualmente são as ontologias, as pessoas e suas construções de conhecimento. Os cases a gente pode conseguir em outros lugares, os seus comentários não...
Abraço, continue o bom trabalho.
Sem comentários!! Cada dia é uma supresa nova, quando pensamos, o que será que ele vai postar hoje??, deparamos com mais uma pérola, seja pela análise e reflexão de cases, seja por ínfimos 2 minutos de um show no Harlem, que vc dividiu com a gente! Saber que existe vida inteligente neste planeta (como vc), já é surpreendente, mas melhor do que isso, é ver que além da inteligencia, vc tem sensibilidade de compartilhar algo surreal como esse show na Times Square. Vou usar uma frase de miss universo, quando elas são entrevistadas e sempre citam o livro do pequeno príncipe, é meio banal, mas é algo que faz muita diferença. "Você é responsável por aqueles que você cativa". Vc tinha a opção de viver estes dois meses imerso num universo que seria só seu e guardar todo o conhecimento só para si, mas vc optou em compartilhar com a gente!! E o único comentário que me resta a fazer é: muito obrigada!!
Muito legal!
Agora, fiquei com inveja foi da foto do "velhinho"!
Ainda bem que passarei férias em NY! Depois vou pegar as dicas!
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