quinta-feira, 9 de setembro de 2010

22:35 and counting...

Acabei de chegar o Living Group meeting de hoje e ainda tem mais um caminhão de coisa pra ler. Faz 4 dias que estou aqui, parece um monte de tempo! Tudo passa muito rápido, é muita informação, muita reunião, muita discussão.

A cada dia me interesso mais pelo modelo de "estudos de caso". Ainda não tive uma aula de finanças e contabilidade com os professores, mas já aprendi mais do que o tema do que no MBA e no Mestrado somados. Hoje discutimos 3 casos como preparação para as aulas de amanhã, que trabalharão esses casos. Um de uma pequena empresa, Cartwright, que estava crescendo pacas, com lucratividade bacana, mas literalmente "growing broken" como eles dizem aqui por causa de problemas de fluxo de caixa. Um case de duas páginas escritas mais uma página de "financial statements", e lá se foi quase uma hora de discussão e aprendizado. O caso seguinte foi de uma média empresa, Chermalite, cujos investidores estavam pressionando achando que estavam perdendo dinheito no começo da operação da empresa, mas os "ratios" obtidos a partir das informações do caso mostraram que o negócio era lucrativo e promissor. E por último, empresas enormes, um caso de comparação de modelo de negócios e lucratividade do Wal-Mart e do Target (principal concorrente do Wal-Mart nos EUA). No meu grupo está o Presidente de Operações do Sobeys, segunda maior rede de varejo do Canadá (1200 lojas!!!), então o case foi um prato cheio. Muita interação entre os participantes e muito conhecimento obtido a partir desta troca. Descobri, por exemplo, que a estratégia do Wal-Mart ao entrar no segmento de "comida" foi, antes de mais nada, atrair gente pra loja. Comida gera fluxo, aumenta o valor do carrinho e gira rápido (comida tem giro de estoque de 24 vezes em média, contra 4 vezes de "General Merchandise"). Eles venderam comida com margem ZERO por um bom tempo apenas pra atrair mais clientes pra loja, que acabam comprando o general merchandise (roupas, eletrônicos, toda sorte de quinquilharia que não é comida), que tinha margem média bruta de 35%!!!! A concorrência ficou covardia, o Wal-Mart vendendo com margem zero SEMPRE era muito mais barato do que qualquer food retailer com margem bruta de 20 ou 25%. A discussão sobre o desdobramento dessa estratégia é longa e não vai dar pra entrar nela agora, mas talvez tenha um aprendizado interessante para se extrair daí: produtos de margem zero para atrair clientes que, depois de se tornarem competitivos e crescerem utilizando os produtos de margem zero, podem se tornar clientes fiéis para produtos de elevada margem positiva. Alguém por aí conhece uma empresa que parece estar precisando desenvolver uma estratégia consistente nessa direção? Nada que possa ser feita da noite pro dia, mas num timeframe de, digamos, 5 anos, com uma estratégia consiste, me parece bem plausível... que acham?

4 comentários:

Anônimo disse...

ouvi em um filme há muito tempo a seguinte phrase:" é preciso quebrar uns ovos para fazer um omelete". bingo! grande sacada do Wal-Mart. impressionante como muitas vezes é difícil ver o óbvio! só mais um detalhe, aproveite cada segundo,pois quando vc abrir os olhos vc estará de volta e será outra pessoa!

Anônimo disse...

resumo do seu post, é preciso ver além do óbvio, pensar, e saber fazer contas muito bem.

Renata Todescato disse...

Muito interessante mesmo essa estratégia adotada pelo Wal Mart, e claro foi assertada, pelo sucesso que eles tem até hoje. Mas...para isso eles diversificaram o mercado, certo?
Começaram a vender comida, onde antes, só se vendia eletro, roupas, enfim...quero chegar no ponto em que o portfolio de produtos cresceu de maneira que passou a atender diferentes necessidades dos clientes! O passo seguinte do Wal Mart foi estudar o comportamento do consumidor dentro das lojas e assim, passou a organizar as mesmas de tal maneira que aumentasse o volume/valor de compra por cliente!! Smart ;o))

Adriano Pereira da Silva disse...

Num passado não muito remoto, algumas lojas de materiais de construção no interior do Paraná utilizam 'sem saber' esta estratégia do tio Wall: vendiam cimento com margem zero ou proximo disso, para atrair a clientela, que compraria tubos, tijolos, janelas, pisos, etc., ou seja, produtos com maior margem. Sobre conhecer alguma empresa que precisa adotar a estratégia. Acho bons uns supermercadistas do interior do Pr pensarem nisso, pois o tio Wall tá vindo com força pra cá...