Mais um dia intenso, todo em torno da continuação do case da Nike. A metodologia de estudo de caso realmente é efetiva e provocativa. A aula tem ritmo constante, todos se envolvem, passa muito rápido e ao final a sensação é de ter tido contato com muita coisa que teria passado despercebida, não fosse pela interação do grupo. Tá sendo legal também praticar a "arte" de só prestar atenção em uma coisa de cada vez, sem blackberries, celulares, notebooks ou coisa que o valha. Ainda não cheguei a uma conclusão se é só porque o assunto é interessante, tem dinâmica adequada e EXIGE foco pra não ficar pra trás... Mas o fato é que a concentração na aula é total.
Amanhã vai rolar um dia inteiro dedicado ao que eles chama de "living group aceleration process". Pelo que deu pra perceber, trabalho de integração pro living group virar grupo de verdade e estabelecer seus "combinados". Penso que vá ser interessante, porque como em todo grupo, diferenças começam a aparecer. No meu grupo, o indiano tem um inglês difícil pra kct de entender, o infeliz meio que falas em abrir a boca atropelando todas as consoantes e há que se fazer um esforço tremendo pra entendê-lo. Já o Australiano, que fala um inglês impecavelmente britânico, fala muito baixo, é difícil ouví-lo. O Japonês, não sei dizer, porque ainda não ouvimos a voz dele! :-D Fico imaginando o que eles devem estar falando do MEU inglês... O grupo às vezes também dispersa demais o foco e a discussão se estende além do que seria o necessário. Mas com pequenos ajustes, vai fluir legal.
Hoje estudamos a transição da Nike de uma empresa sem processos e de crescimento rápido em uma empresa verdadeiramente global após alguns revezes pelo caminho. Decisões difíceis tiveram que ser tomadas pelo caminho, inclusive um completo reposicionamento do CEO, Phil Knight, que foi forçado a perceber as dificuldades da empresa e afastar seus "amigos" dos primeiros tempos.
Hoje também consegui por o nariz pra fora da Universidade pela primeira vez, fui até Harvard Square, do outro lado do Rio. Muito bacana!!!!! Muita gente na rua, bares, pubs, cafés, restaurantes, vida! Daqui a pouco temos reunião para preparar o trabalho de amanhã e, já que amanhã devemos ficar todos "amigos", propus que a reunião de hoje seja lá na Harvard Square acompanhado de algumas cervejas, afinal, nunca fiz amigo tomando leite...
A quantidade de reflexões e insights que passam pela cabeça é vertiginosa. Sem pensar na conclusão, apresento abaixo algumas das questões que surgiram hoje e que serão trabalhadas ao longo dos próximos dias:
- Qual o nível de proficiência em finanças que um executivo em posição de liderança DEVE ter? Pelas estatísticas de Harvard, 80% do pessoal que chega aqui pro AMP nunca viu finanças na vida, e mesmo assim chegaram às posições de comando nas suas organizações. Como isso é possível? Finance skills são inprescindíveis para CEO's e COO's, por exemplo? Até que nível?
- A história da Nike mostra uma miríade de decisões tomadas ao longo do tempo, mas quando analisadas com lupa, apenas umas poucas decisões foram as que fizemra TODA a diferença na história da empresa. Como identificar quais decisões são as verdadeiramente cruciais?
- Organizações fortemente apoiada em processos são incompatíveis com organizações inovadoras? Até que ponto o excesso de formalismo engessa a empresa, e consequentemente, sua capacidade de inovar?
- O que caracteriza a imagem e o posicionamento da Nike? Uma empresa inovadora, que cria calçados a partir de pesquisas sobre novas funcionalidades e materiais? Talvez... Mas surpreendentemente, a Nike investe 1% do seu faturamento em pesquisa, enquanto coloca 12% no MARKETING! Ou seja, é a velha máxima de que mais importante do que o que você efetivamente faz, é o que as pessoas pensam que você faz. Até que ponto o investimento intensivo em Marketing pode constituir o principal pilar da construção de um negócio?
- Essa é ótima: pesquisa de Harvard estabelecem direta correlação entre quantidade de vezes que uma pessoa sorri e sua capacidade de inovar. Uma criança de 5 anos ri, em média, 150 vezes por dia. Um executivo de 45 anos, o faz apenas 5 vezes por dia! Quem você acha que é mais criativo? E, mais importante, quantas vezes você sorriu hoje?
Eu, particularmente, pra aumentar minha taxa de sorriso, to indo pro banho e depois, pro bar!
5 comentários:
As a marketing person, I must say that it's getting better and better, hum?
According to Kotler, companies think that marketing exists to support manufacturing, to get rid of the company's products. He says that the truth is the reverse: Manufacturing exists to support marketing. The company can always outsource its manufacturing. What makes a company is its marketing offerings ideas...Marketing is the art of creating genuine customer value.
Me parece que foi isso o que a NIKE fez: criou verdadeiro valor para seu consumidor!!!
Oi Allan, estou gostando muito de acompanhar seu blog, além de ótimo conteúdo, a gente fica um pouquinho mais próximo de HARVARD!rs. Sobre a primeira questão vou arriscar um palpite: acho que um líder muito especialista em finanças geralmente tem um perfil muito racional, numérico e consequentemente mais frio...e a empresa não é só feita de números,que são importantes tbem, mas principalmente de pessoas, emoções, sentimentos de marca e de pertencimento.O líder que é incapaz de lidar com essas variáveis dificilmente constrói um legado. Especialista em finanças vc pode contratar,agora fazer com que as pessoas (colaboradores, clientes, fornecedores, comunidade..)comprem uma idéia, um conceito ou amem uma marca é um desafio que só um líder que além do racional possui um lado emocional bem desenvolvido consegue. Nunca vi nenhum líder ser seguido por multidões pela sua capacidade de calcular o lucro no final do mês, mas já vi inúmeros serem seguidos por acreditarem em um ideal e envolverem as pessoas em torno dele. bj Cristiane Almeida
Allan,
Muito boa a iniciativa de compartilhar um pouco da experiência de Harvard.
Paciência milenar com o Japonês e com o "Frrémd" da Índia... :-D
Decisões cruciais? E temos consciência de que as decisões são cruciais antes de tomá-las? Ou somente depois de algum tempo de terem sido tomadas??
A identificação dos fatores que a tornam crucial é a chave...conseguimos minimizar a subjetividade/intuição na tomada destas decisões?
Muito bom o tema...instigou...
Abração!
Gava
Olá Allan, obrigada pelo blog. Leio como se lê um bom livro, aguardando a página seguinte... Boa sorte no curso. Andrezza Torres (facebook.com/andrezza.torres).
Sobre seu post!!!! Muitas questões interessantes!!!! Como já sou sua fã, adoro dar uma olhadinha todos os dias pra ver as novidades. Só que como estou visitando fornecedores fora do país, fiquei dois dias sem poder acompanhar suas idéias!! Hoje voltei a me deleitar com elas. Pra minha grande surpresa, haviam muitas!!!! EBAAAA!!
Vou começar de baixo para cima: sobre rir. Caro, na sua esfera de atuação é quase impossível dar risada, certo ou não? Primeiro que o meio, no qual você está inserido, não entende o que é dar uma boa risada, e segundo porque acabam achando estranho, “o que é isso um executivo dando risada!”??!!!! Quase uma blasfêmia.
Por outro lado, os piazinhos dão muita risada, porque o HDzinho deles está livre e tudo pra eles é novidade. Eles vêem a vida através de um outro prisma, que de fato não é igual ao nosso, o nosso é mais quadrado e distorce a imagem, o deles é livre de formatações. Como foi dito por Descartes em algum dos seus livros (que não me recordo, acho que tá na Paixões da Alma), ele fala algo como: na nossa infância somos acometidos por inúmeras inverdades, que são modestamente adotadas como princípios e, que, para abrir as portas da percepção (de Willian Blake, essa é minha conclusão), muitas vezes é preciso esquecer tudo o que foi apreendido pelo consciente na tenra idade e reiniciar um novo processo de construção do conhecimento. É um exercício ótimo, aprender a ver o mundo com outros olhos.
O tempo só me permitiu responder a ultima questão. Respondo as demais em breve. Muitas idéias pra dividir com você!!
Abçs e Sucesso pra vc!
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