Ok, o título de aula mais xarope do AMP acaba de trocar de mãos e passa a ser de Bill Fruhan e sua aula sobre "Fair Value Accounting for Investments in Debt Securities". Minhanossasenhora, que sono. O povo de bancos de investimento deve ter adorado, mas o resto da turma, ficou sonolenta. Lá pelo meio da aula desisti de tentar entender o que ele estava falando e comecei a fazer um balanço do AMP. Assim, dedico este post a a uma espécie de avaliação geral do programa até aqui. Principalmente agora, que a coisa entrou no ritmo e nos adequamos à enorme pressão imposta pelo programa, fica mais tranquilo de fazer uma avaliação prévia do que está sendo a experiência. Os comentários abaixo, como de costume, não tem sequencia lógica ou cronológica, são apenas um conjunto de observações decorrentes da reflexão sobre o aprendizado destas 3 semanas. Algumas delas dolorosamente óbivas, outras nem tanto. Algumas objetivas, outras nem tanto. Algumas voltadas ao mundo corporativo, outras nem tanto. Mas é o que se apresenta para o momento:
- Vale a pena? Essa é uma pergunta que escuto com frequencia quando faço algum curso ou programa de formação. E a resposta aqui é um sonoro e maísculo SIM. O nível elevado está presente em tudo: professores, conteúdo, organização, participantes, Universidade, estrutura. É caro, mas vale a pena!
- O segredo deles, segundo o próprio Tushman, é gerar super-estimulação. E geram mesmo. Não houve uma noite até aqui em que eu não dormisse com a nítida sensação de estafa mental, como se o cérebro tivesse sido impulsionado ao limite da sua capacidade durante todo o tempo em que estive acordado. E o pior, é que isso é bom pkct!!!!
- Escrevi a respeito nos comentários, e repito: meu mundo está se transformando. Ou, talvez, eu esteja percebendo coisas que já estavam por aqui mas eu não tinha consciência. Penso ter a ver com aquele lance das referências que escrevi em um dos primeiros posts. Elas estão mudando drasticamente.
- Me sinto capaz de enxergar com clareza que nunca experimentei os passos futuros e possibilidades na minha carreira. Os caminhos e implicações das escolhas estão muito mais evidentes.
- As decisões que fazem muita diferença são muito poucas. Pensava nisso outro dia quando analisava as decisões da minha vida que me trouxeram até aqui, tentando entender quais foram, e efetivamente, elas foram poucas (e boas). Existem momentos em que encruzilhadas seminais se apresentam. O problema é que raramente a gente se dá conta de estar diante de uma dessas encruzilhadas. Esse tipo de reflexão é mais particularmente útil quando imaginamos que nossos filhos ainda não passaram pela maioria delas, e como seria bom se pudessemos desenvolver a habilidade de enxergar estes momentos. Em que escola estudar? Que amizades incentivar? Que referências proporcionar? Que limites impor? São essas pequenas decisões que vão moldar totalmente todo o futuro dós nossos sucessores.
- Conhecimento em finanças importa! Aumenta a capacidade de entender o negócio e sua relação com o mundo externo. Aumenta MUITO!
- Estratégia vai muito além de definir visão, missão e objetivos.
- Cultura empresarial importa! Ela pode ser determinante para o sucesso (ou fracasso) de uma empresa.
- GENTE é o que MAIS IMPORTA!!!!!
- O diabo está nos detalhes (ah, que novidade....). São eles que fazem a diferença. São eles que asseguram diferenciação. São eles que encantam o cliente.
- Dinheiro é insumo e gerentes financeiros são comprados de dinheiro (sem demérito de todos os seus outros papéis de extrema relevância para a organização). Eles compram o próprio dinheiro, taxas de juros, prazo, fluxo de caixa.
- Língua é fundamental! Língua no sentido de idioma, bem entendido... Não dá pra chegar num programa como este com um inglês meia-boca (mesmo tendo morado na Inglaterra por quase um ano, às vezes acho meu inglês meia-boca em algumas dicussões...). O ritmo é insano e a compreensão do que está sendo dito de forma integral é determinante. Além do que, dificuldade com a língua limita tremendamente a capacidade de pensar rápido. Vejam o vídeo http://www.youtube.com/watch?v=VSdxqIBfEAw e vocês vão entender... :-)
- São as PERGUNTAS que fazem a diferença.
- Valores importam! São o pilar de uma empresa sustentável.
- O que você FAZ é o que importa. Blábláblá sem ação destrói a liderança.
- Crescimento nem sempre é bom. Crescer sem sustentação pode destruir valor, destruir dinheiro, destruir as pessoas, destruir a cultura e destruir a organização.
- Emoção é bom na formação de um time e no desenvolvimento de uma empresa que faz a diferença. Mas é ruim para decisões de negócio.
- Produtos e serviços são um aglomerado de coisas que tem que funcionar juntas. Se um único pedaço não funcionar direito, todo o resto vira vinagre.
- O sucesso pode ser uma armadilha. Pode gerar medo de arriscar e criar organizações dinamicamente conservadoras.
- Boas estratégias são facéis de executar!
- Diversão é um ingrediente chave para empresas acima da média. Pode ser que existam exceções, mas eu não as quero conhecer!
- Desenvolver uma marca vai além de questões demográficas para definir o mercado e o público-alvo. Marcas são criadas sobre emoções e "mind-appeal" - reação emocional.
- Insights dos clientes são importantes. Mas é a identificação de necessidades latentes do cliente o que faz a diferença.
- Velocidade é determinante. Mas é uma escolha pessoal!
- Erros ensinam mais que sucessos. E sabedoria é aprender com os erros, ao invés de sair derrotado (ok, ok, chavão, mas tá valendo...).
- Inspiração importa! Ninguém se envolve e compromete apenas com geração de valor para o acionista.
- O mundo está ainda mais interconectado que nos nossos mais ousados sonhos...
- O conteúdo é muito mais importante do que a forma.
- É responsabilidade dos líderes assegurar que nenhuma decisão sequer é tomada sem estar amparada numa visão ampla e verdadeiramente sistêmica.
- Os problemas são sempre os mesmos, seja na empresa de 5 funcionários de Carlopólis ou na empresa de 10 bi de faturamento de New York. Só o que muda é o tamanho e a complexidade destes problemas.
- O topo tem que estar em contato com o cliente. Literalmente falando! Constante e diretamente!
- É plenamente possível ter lucro em um mercado commoditizado. Só dá mais trabalho...
- Avaliações de desempenho devem ser feitas a partir de critérios sistêmicos e que considerem e preservem os valores e a cultura da organização.
- Times motivados pelo fator errado podem ser mortais para a organização.- Cultura e estratégia têm que estar em sintonia. Se não estiverem, mude a cultura ou mude a estratégia.
- Demografia importa! Ela pode mudar rapidamente e inviabilizar o modelo de negócio vigente.
- O modelo da 5 forças permanece como uma das ferramentas mais úteis para se fazer análise estratégica. Provavelmente, porque é simples.
- E finalmente, estamos diariamente estudando "hard skills" (ferramentas, técnicas, metodologias), mas a transformação, até aqui, está acontecendo no nível dos "sfot skills" (compreensão, visão, intuição, aprendizado tácito, competências duráveis, insights para a vida). É aí que está a magia de toda a brincadeira...
E vamos que vamos! Provavelmente, ficaremos sem posts até domingo ou segunda, porque amanhã tenho aula de manhã e saio da aula direto pra Nova Iorque, onde fico no final de semana dando folga pro cérebro. Mas continuem acompanhando que enquanto vocês estiverem aí, eu vou estar aqui tentando fazer o melhor pra compartilhar com vcs tudo que tá rolando!
3 comentários:
Oi Allan, tô adorando acompanhar os seus posts. Que reflexão hein! Pois é, eu também acho que as ferramentas são importantes o o conhecimento também, mas o que faz as peças se mexerem no mundo, na empresa ou na nossa vida é o clic na hora certa, ou seja, a intuição. Mas a intuição não é obra do acaso ou de alguma coisa mistica, ela é fruto de observações acumuladas,conhecimento desconexo e diverso adquirido, que em algum momento faz sentido quando se junta com o presente, é como se ocorresse um "instante mágico". Rosângela A.
Apaixonante, é a única definição que tenho para traduzir o que tem sido acompanhar seu blog! A intensidade da comunicação, a clareza com a qual você transmite o aprendizado é entusiasmante. Mesmo você tendo utilizado vários chavões, vale dizer que mesmo sendo óbvio, o díficil é simplificar! Espero, sinceramente que você aproveite todo o conhecimento adquirido nesta fase tão intensa da sua vida, para potencializar a si próprio e as pessoas que estão a sua volta! Vamos ficar dois dias sem posts!!! Como vamos aguentar?!!!! kkkk Bom c'est la vie, aproveite para descansar!!! Sucesso pra vc!!
ps.: adorei a reflexão sobre as decisões passada que fazem de nós quem somos, levaria séculos de análise com minha terapeuta, para chegar a esta conclusão, vc me economizou uma pta grana!!! kkkk
como Allan consegue ficar 2 dias sem falar com a gente? sem contar suas histórias para nós!!!
Ana C.H.
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