domingo, 19 de setembro de 2010

Dia 14 - 19/09/2010

Domingão, preguiça, pijama até meio-dia. Nada mal!
Basculei o tour histórico por Boston... 3 hrs no onibus com um bando de gente, parando num monte de lugar, em todo lugar esperando o último atrasado de plantão... Definitivamente não é pra mim.

O fato que merece destaque foi o jantar na casa do Paul Healy (professor de Leadership and Corporate Accountability) ontem. Recepção perfeita sob todos os aspectos, éramos umas 20 pessoas e fomos recebidos por ele, sua mulher e um batalhão de garçons que, imagino eu, devam estar no pacote AMP pago por Harvard. O bacana é ter um contato mais próximo com a estilo de vida dos caras por aqui. É uma casa bem antiga, que foi toda reformada por ele, muito grande, de extremo bom gosto, numa região arborizada próxima ao Centro de boston. A mulher dele é Dean (algo equivalente à diretora geral) da escola de negócios da universidade de Boston e guarda uma incrível semelhança com a Sigourney Weaver (atriz de Alien). Paul Healy é um Neo Zelandes que veio pra Boston fazer seu PhD e nunca mais voltou. Boston e Cambridge, pelo menos do que conheço até aqui, estão entre as cidades mais britânicas dos Estados Unidos. Toda a arquitetura e organização das ruas remete a paisagens da Inglaterra, e a casa de Paul Healy não é exceção. Amplos jardins, decoração clássica, muita madeira e uma imensa biblioteca com livros por todas as paredes. Neste quesito, quando estávamos de saída, percebi entre os livros um exemplar de Código da Vinci. Não pude deixar passar a oportunidade de sacanear o cara e comentei que era interessante perceber que Professores de Harvard também lêem o Código da Vinci! Ele deu risada e disse que não só Código da Vinci, como outros tipos de romance e leitura descartável, afinal, Professores de Harvard também são gente. E é por aí mesmo... Os caras são iguaizinhos a todo mundo. Ele e sua mulher, inclusive, de uma simplicidade muito bacana.

Durante o jantar, tive a oportunidade de conversar com muita gente que eu ainda não conhecia. Um Holandês, um Sul-Coreano que trabalha na Delloite, um indiano funcionário da Tata (aquela que tá fabricando o carrinho de pouco mais de USD 2.000 na Índia), uma professora recém admitida em Harvard também sul-coreana que dá aula para o primeiro ano do MBA, um diretor do Federal Reserve, enfim, gente de tudo que é tipo de tudo que é lugar. E este processo de interação e ampliação do escopo de percepção é o que talvez seja umas as coisas mais interessantes de uma experiência como esta. Parece óbvio que nenhum de nós pode ter referências que não conhecemos. Mas quando percebemos a amplitude e variedade de tais referências, esta afirmação torna-se ainda mais relevante. Se nos limitamos ao que está prontamente ao nosso alcance, automaticamente delimitamos o nosso mundo e, consequentemente, as nossas aspirações. Antes de viajar, em um e-mail que enviei ao nosso time no Sebrae, parafraseei Fernando Pessoa que dizia que "somos do tamanho do que vemos, e não do tamanho da nossa altura". E é por aí! Só podemos almejar o que enxergamos. Só podemos ter referências que conhecemos. Porque se não as conhecemos, elas simplesmente não existem, e como tal, tornam-se, de fato, inalcançáveis. A boa notícia é que não é preciso fazer curso em Harvard pra ampliar estas referências. Basta ter curiosidade e iniciativa. Internet, livros, TV (novela não vale...), enfim, as fontes são várias e estão aí. É só utilizá-las com a curiosidade intelectual necessária para absorver o que elas tem de bom pra oferecer.

Depois do jantar, quase todo o grupo de AMPs foi a um bar e lounge chamado "Alibi", no Liberty Hotel. Lugar fascinante, outrora foi uma prisão e, depois de transformado em hotel, colocaram pra funcionar este lounge que preserva grades da prisão original por todo o lugar, o que cria uma atmosfera interessante. Como era aniversário de 3 caras (um dos quais, um dos brasileiros, diretor do Bradesco), eles fazem uns cartazes com a foto do sujeito atrás das grades, e escrevem embaixo "Procurado", com o suposto crime cometido e qual o álibi alegado. Ficou muito engraçado, já que o crime dos três era "not reading all the cases". Pensa num povo obcecado com os tais dos cases...

Agora, almoço num restaurante decente do centro da cidade (não estou dizendo que o restaurante da Universidade não é decente, pelo contrário. É muito bom, mas tem peixe demais pro meu gosto e, no fim das contas, acaba enjoando...), Blue Man Group e depois... CASES!!!!!! :-D

2 comentários:

Very disse...

Allan, é bom começar a pensar em transformar o blog num livro. A maneira que você escreve o credencia para isso.
Os resumos das discussões do dia-a-dia faz com que nós leitores tenhamos a sensação de estarmos também em sala.
Há alguns anos atrás tive a oportunidade de conhecer Harvard e o lugar realmente é mágico. Naquela oportunidade fiquei fascinado com a atmosfera que o local transmite.
Grande abraço.
Very

Anônimo disse...

A alegoria da caverna de Platão, é bem isso o que você comenta sobre a dimensão que damos para o que conhecemos na nossa vida, as verdades e as referencias sobre aquilo que é conhecido. É legal, pensar que o sol nasce para todos, embora nem todos percebam. O referencial de vida, é o somatório de tudo o que já vivemos e de todas as pessoas que já passaram por nossas vidas, até mesmo aquelas que não lembramos mais e principalmente as que nos fizeram sofrer. Se as referências não forem bem entendidas, podem deixar de ser antídoto e passar a ser veneno.
Gostei do nome do hotel.
Bom é isso, sucesso para você na próxima semana!!