É impressionante a quantidade de água que já passou por debaixo da ponte. Fazendo um balanço da primeira semana, já estudamos:
- o case da Nike e suas implicações do ponto de vista da governança corporativa, da estratégia, do posicionamento;
- o caso da Chemalite e seus problemas de fluxo de caixa e financiamento da operação;
- o caso da Cartwright Lumber Company e a delicada questão do crescimento acima da taxa sustentável e o problema de "crescer quebrando" (falarei mais sobre este processo de crescimento adiante);
- Casos envolvendo Liz Claiborne, Sears, e Saginaw Parts Co. (fornecedora da GM nos EUA) e seus problemas de "Trade Credit Policy";
- o case da Dell e as mudanças feitas nos prazos de pagamento e recebimento no começo desta década visando melhorar seus "financial ratios";
- o caso da Target, que envolveu governança, estratégia, perfil financeiro e modelo de negócio envolvendo a concorrência com o Wal Mart;
- o caso do Kansas City Zephyrs Baseball Club e sua dificuldade para negociar contratos e salários com jogadores em função de diferentes interpretações de questões contábeis no seu balanço, como deferimento de salários e investimentos no estádio;
- o caso da New Century Financial Corporation, uma empresa no núcleo do problema dos empréstimos para financiamento de imóveis para clientes sub-prime nos EUA, e todas as implicações decorrentes, bem como as causas para a "implosão" do modelo (a partir do modelo de negócios controverso vigente). No mesmo caso, ainda estudamos o papel das empresas de auditoria e sua co-responsabilidade;
- o caso da General Mills e todas as interpretações possíveis de se fazer sobre a estratégia da empresa (financeira e de crescimento) a partir de um simples relatório anual. É incrível tudo que os números podem dizer...
- 4 pequenos casos a partir do qual aprendemos a avaliar projetos de investimento de capital e a fazer simulações de diferentes cenários para avaliar o nível de risco destes investimentos;
- e finalmente, o caso da Oracle x Peoplesoft no "hostile takeover" empreendido pela Oracle no processo de fusão das duas empresas, analisando a estratégia do Larry Ellison, o resultado final e todo o intrincado proceso de ataque e defesa dos envolvidos, bem como as relações com instituições anti-truste e stakeholders.
ufa... isso tudo, em 4 dias (já que o primeiro dia foi só skills development). Hoje, um dos professores disse que TUDO isso que vimos em 3 dias corresponde em termos de conteúdo a TODO o programa de finanças de um MBA de 18 meses. Não é a toa que tá difícil de arrumar tempo pra dormir (e pra escrever no blog).
Foi uma semana intensa. Hoje, tenho a sensação de que estou pegando o "jeito da coisa". Confesso nunca ter sentido tamanha pressão por utilizar o tempo de forma estremamente racional (e quem está falando é um obcecado por tempo...). Também nunca tinha sentido com tanta frequencia a intensidade a sensação de autêntica ignorância que senti em vários momentos, tanto em sala de aula como nas discussões do living grooup. Mas isso, estou achando ótimo. Sinal de que, realmente, estou entrando em contato com muita coisa que eu não conhecia. É pra isso que estou aqui!
Hoje recebi o ipod da nova geração que eu havia comprado na terça passada. Na verdade, o bicho foi entregue no sábado, dia 11. Estou até agora impressionado. Não apenas no o produto, que é espetacularmente bem resolvido sob todos os aspectos (estou falando do ipod nano de nova-geração que encolheu e ficou mais funcional com a interface multi-touch). Estou falando do processo da Apple. Em um intervalo de QUATRO DIAS, eu fiz o pedido na Applestore (as 14:40 na tarde de terça-feira), isso disparou uma ordem na fábrica em Shenzen, que no dia 09 (quinta-feira) as 18:09 entregou o meu ipod personalizado (com um "Built for Allan Costa" escrito nele...) para a Fedex, que colocou ele em Anchorage no Alaska as 14:31 do dia 10 (sexta-feira), e me entregou no dia seguinte, as 9:06 da manhã, no meu endereço de Harvard. É o mais perfeito exemplo de integração produtiva e logística que já vi até hoje!
Hoje também me dei conta de uma diferença cultural fundamental: o ponto e a vírgula! Explico: nós, brasileiros, usamos o PONTO pra separar milhares e a VÍRGULA para os decimais. Pois é... aqui é o contrário. Aí, numa das aulas hoje, o cara falando de análise de oportunidade de investimento, os quadros entupidos de números e percentuais, e me dei conta de que eu já estava misturando tudo... Parece bobagem, mas no meio de um monte de número, alguns de bilhões e outros de percentuais com 3 casas depois da vírgula (ou do ponto, dependendo de onde vc é...), vira uma confusão dos infernos! :-)
No final, coloquei fotos tiradas ontem no US Open (e escrevo enquanto o Nadal acaba de ganhar a bagaça). E já que falei das fotos, em resposta aos comentários, informo que NÃO haverão mais fotos de esquilos! É que eu estava testando a máquina, e me pareceu uma boa oportuindade pra testar o zoom pegar o bichinho, tão meigo, no meios das árvores... mas o lapso não se repetirá sob nenhuma hipótese! :-D
Pra terminar, e antes das fotos, a reflexão do dia:
- Até que ponto o crescimento é bom para uma empresa? É evidente que crescimento pode matar a empresa. Quando isto está nos números (e analisando variáveis como a taxa de crescimento sustentável ou o nível de alavancagem necessário para financiar um determinado nível de crescimento, isso é evidente, está nos números) é fácil de dizer. Mas e quando esta análise não está nos números pura e simplesmente? O senso comum diz que o crescimento só é bom quando acrescenta valor para a cia. E aqui, a noção de acrescentar valor também segue o mesmo raciocínio. Se falamos de valor em cias listadas em bolsa, é simples: valor para o acionista, lucro, retorno sobre o investimento, sobre o capital, e por aí afora. Mas e quando este "valor" não é medido por índices financeiros? Como avaliar esta criação de valor? Quais os parâmetros?
Arthur Ashe Stadium.
Final de duplas feminina. Tudo que deu pra assitir... Bloody rain...
Estádio do New York mets, time de baseball, ao lado do complexo do US Open (e onde estacionei o carro, longe pkct...)
E pra fechar, o exército de enxugadores de quadra tentando fazer o impossível, mas pelo menos, de forma sincronizada...
2 comentários:
Suas perguntas parecem, em primeira instância, completamente antagônicas. Primeiro, porque crescimento está pautado sempre em algo quantificável, palpável, tangível. A reflexão proposta por sua indagação, me fez examinar todos os aspectos que podem estar envolvidos, ir além do que se é possível ver. Observar que não só apenas números podem ser o referencial para o desenvolvimento é um tanto abstrato. O único problema existente, em mudar o olhar sobre este assunto, é ter que destruir todo um referencial consolidado desde sempre. Partir do raciocínio cartesiano que sempre está baseado em um gráfico, com uma linha de tendência e uma seta indicando a direção, pode tirar o chão de muita gente. Maldito Descartes!!!! Vou mudar o raciocínio e tentar construir meu pensamento, sobre suas questões. Valores incomensuráveis, talvez possam ser valores humanos. Mas porque uma empresa pensaria que é possível obter sucesso através de valores humanos? Desculpe, mas em pleno século XXI vivemos em profundo canibalismo e selvageria econômica, onde o 1% que detém domínio sobre 99% do capital simplesmente joga os dados. É um tanto utópico, pensar que valores humanos possam desenvolver uma empresa. É como instituir uma “nova-nova” ordem. Ilógico, um tanto surreal, porém possível. Caminhar na contramão do processo, que em tese é natural, pode ser mais rápido e mais sustentável, possivelmente alguém já tentou este tipo de modelo. Estabelecer alicerces sustentáveis, e alicerces feitos por pessoas que acreditam. Processo totalmente subjetivo, o mundo coorporativo não é preparado para subjetividade que seu questionamento propõe, uma verdadeira antítese. Talvez alguns parâmetros para referenciar esses “valores ocultos” possam ser: confiabilizar, fidelizar, impressionar, transcender, apaixonar. No fim, ocrescimento pode ser conseqüência disso tudo. .Ps1.: foi preciso muito vinho tinto e “hey you” pra abrir as idéias. Ps2.: Voltando a um post antigo, não existe resposta certa, existe resposta mal fundamentada. Espero que meu comentário não seja uma falácia!!! Ps3.: Meu comentário parece um tanto ideológico, só pra avisar que não sou das Farcs, Sendero Luminoso ou Ira, kkkkk.
Allan, primeiramente parabéns pelo curso e pelo blog. Sou administrador apaixonado, formado pela FAAP e tenho 27 anos, hoje dirigindo uma start up na área da Saúde. Leio um pouco por dia e estou maravilhado com as experiências. Fiquei curioso também com o que comentou sobre os três dias de finanças que teve, disse ainda que equivalem a 18 meses de mba. Existe algum local onde colocou mais informações sobre este rico conteúdo?
att, Leandro Bulk LBULK@VIDABONUS.COM.BR
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