sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Dia 05 - 10/09/2010

Fim das aulas por hoje. Dia inteiro de Finanças e Contabilidade. Hoje analisamos os casos que mencionei ontem em profundidade em sala de aula. Os professores são muito bons. Eles fazem o negócio parecer tão simples que já estou começando a gostar de Finanças e Contabilidade! Aliás, os caras tem que ser mesmo muito bons no que fazem. Nenhuma aula é exatamente igual à outra. Arrisco dizer que o resultado produzido é sempre parecido, mas o caminho pra chegar lá, pode ser bastante tortuoso. Basicamente, porque o conhecimento é produzido "ad-hoc". Parte-se de um ponto em comum e a partir daí, as perguntas e contribuições de todos constroem o resultado. E o público é formado por 84 executivos com variados níveis de experiência que não são exatamente "bobinhos". E o cara de plantão na frente da turma tem que ter a habilidade de construir o caminho a partir dos insights, perguntas e contribuições dos 84 debatedores. Um desafio e tanto.

Cada vez mais mais me convenço do tamanho da falta que um pouco mais de conhecimento de finanças estavam me fazendo (e fazem pra muita gente). No caso da Cartwright (pequena empresa de insumos de madeira pra construção), 2% estavam fazendo toda a diferença no resultado da empresa. Basicamente, os caras compravam dos fornecedores e caso pagassem em 10 dias recebiam 2% de desconto. Pagando em 30 dias, não recebiam desconto. Como os fornecedores eram "bonzinhos", eles estavam conseguindo pagar em 45 dias e estavam felizes da vida com o crescimento da empresa. Como disse ontem eles estavam crescendo quebrados. Este pseudo-crédito é o que, em grande parte, financiava a operação da empresa. Ninguém estava percebendo o preço deste crédito. Anualizado, este custo chegada a 16% ao ano, contra 11% do banco que poderia conceder crédito ao empresário. E por aí vai....

Outra coisa evidente (mas sobre a qual eu nunca havia refletido adequadamente...). Dinheiro num negócio é INSUMO. Nada mais que isso. Assim como compramos matéria prima, máquinas, equipamentos, carros, mobiliário ou tudo o mais necessário para o negócio operar, compramos dinheiro e o preço são as famosas "interest rates". Simples assim. Óbvio e direto.

No mais, um dia bem "hard", muita prática, muito número, muito aprendizado, mas relativamente pouca reflexão. Hoje é dia de Reception Dinner, os jantares especiais das sextas-feiras. Hoje vai rolar "a Taste of Boston", whatever it means. Provavelmente comidas típicas da região Aliás, falando em comida, o negócio aqui é bem saudável. Alimentação balanceada, muita salada (pra quem gosta...), muito peixe, e disponibilidade de lanches (frutas, barras de cereais, café) em tempo integral.

Domingo é dia de Final de US Open. Torcendo muito pra dar Nadal e Federer.

Encerro com a frase de um professor na abertura da aula:

"we don't provide answers, we make a lot of questions"

Acho que poderíamos mandar fazer alguns milhares de quadros com essa frase pra espalhar em algumas salas de reunião que todos nós, tenho certeza, conhecemos...

5 comentários:

Anônimo disse...

como diria metallica..
"open mind for a different view",
boa a visão do insumo...

Unknown disse...

é fácil ter respostas prontas, fazer e perguntas requer duvidar dassuas próprias respostas. perguntar é viver na incerteza, arte das mais complexas para quem quer estabilidade...

Anônimo disse...

Allan, dá uma canseira só de ler tudo o que você está fazendo. Muito aprendizado. No Brasil ainda nao aprendemos a utilizar estudos de caso como metodologia de aprendizagem. Eu queria muito saber utilizá-los melhor nas minhas aulas. Um abraço Rosângela Angonese

Cleufe de Almeida disse...

Uau! Tem que ter fôlego...
Mas o que mais gostei foi da frase do seu professor, e concordo que não só nas salas de reuniões do Sebrae bem como nas salas de Treinamento...

Anônimo disse...

De fato percebo que muita gente se sente desconfortável num ambiente com muitas perguntas e poucas respostas. Sentem-se mais seguras apegadas à idéias pré-concebidas ou à respostas simples que evitam a necessidade de repensar ou reestruturar seu mapa mental. Pior: há o medo de precisar questionar questões estabelecidas como verdadeiras e obter como retorno a repercussão da dúvida em outras áreas da vida... é mais fácil rotular o questionador como um "filósofo incorrigível" ou "aquele cara que vive apenas no mundo das idéias".
Aproveite o máximo Allan: estamos aproveitando junto com você. Abraço e força!