sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Dia 19 - Sexta - 24/09 - Hora do Almoço

Segunda aula do dia: Vietor e o case do déficit de conta corrente dos Estados Unidos.

A coisa é FEIA!

Muita coisa discutida na aula hoje rola pelos noticiários econômicos dos telejornais, mas raramente temos a visão de todo o quadro. É como ver o quadro em pedaços, o que nos dá uma idéia da imagem, mas não permite admirir a sua complexidade. É essa a sensação com a qual saio da aula de hoje.

Começemos por duas informações (baseadas no que disse Dick Vietor, professor de Business, Government and the International Economy da Harvard Business School):

1 - Em dois ou três anos o barril de Petróleo volta ao patamar de USD 140 (alguém aí tem ações da Petrobras?);
2 - O dolar TEM que ser desvalorizado (assim como o RMB da China tem que ser valorizado, mas essa é outra história). Só pra se ter uma idéia, Vietor encerrou a aula com uma foto gigantesca da Gisele Bundchen no telão dizendo que ela é quase tão esperta quanto bonita, porque ela, já há algum tempo, tenta evitar contratos com valor especificados em dólar simplesmente porque ela quer continuar sendo a modelo mais bem paga do mundo. E, reforçando a história, Warren Buffett já anunciou que está jogando contra o dólar com os investimentos do seu fundo. A dúvida é se a desvalorização será gradual ou numa pancada só.

E como chegamos a este cenário? Através de uma sociedade que consome de maneira absolutamente desenfreada e de um governo que gera déficits crescentes de conta corrente desde que Bill Clinton deixou o poder (diga-se de passagem, antes de Clinton, na época de Bush pai, a situação também era de déficit). E, por sua vez, este consumo desenfrado na maior parte é por produtos importados, fabricados a baixo custo na China e na Ásia de maneira geral. E porque o Americano poupa tão pouco e consome tanto? Porque ele é incentivado para isso. As taxas de juros são muito baixas, e o Americano médio entende que guardar dinheiro é perder dinheiro, então o melor é mesmo consumir. Do outro lado, tido como o país mais seguro do mundo para investimentos e em decorrência da moeda "internacional" ser o dólar, os países que são grandes poupadores e possuem grandes reservas (como a China, o Japão, a Arábia Saudita), procuram investimentos nos EUA para parte de suas reservas. Porque? Simples: para FINANCIAR O CONSUMO AMERICANO, que por sua vez, é de produtos fabricados por ELES MESMOS. Lembram-se que os EUA não poupam, operam em constante déficit? Pois é, então de onde vem o dinheiro que financia o consumo deles? Dos Chineses que mandam dinheiro pros EUA pros americanos comprarem (e pagarem) pelos seus produtos baratos, dos japoneses que fazem o mesmo para os americanos comprarem seus Lexus da toyota, da Alemanhã para custear os Mercedes e BMWs e da Arábia pra financiar o custo do petróleo usado e abusado pelos americanos. É estupidamente simples o raciocínio, mas como eu disse no começo, raramente a gente tem acesso à fotografia inteira (a não ser, é claro, que sejamos profundamente versados em economia, o que não é o meu caso).

Numa síntese rápida e rasteira, a situação da economia Americana é delicada. Parece haver a percepção, entre boa parte dos economistas, que algumas medidas tem que ser tomadas:

- Reduzir o consumo de petróleo (em torno de USD 500 bilhões de dólares/ano em petróleo importado);
- Reduzir o consumo de maneira geral;
- Aumentar impostos para eliminar o déficit primário;
- O governo deve gastar menos;
- E a idnústria nacional (americana, no caso) deve ser incentivada, embora haja dúvida quanto à capacidade de se recuperar esta indústria, já que ela foi sucateada e transferida para a Ásia ao longo dos últimos anos.

O impacto disso para o mundo? Severo, já que, queiramos ou não, os americanos são os grandes consumidores e impulsionadores da economia global. Em parte, China e Índia, como mercados com potencial estratosférico e histórico de consumo quase inexistente, podem desempenhar um papel fundamental neste jogo. E países bem posicionados em termos de reservas internacionais estarão me melhor condições. Aí, a boa notícia: o Brasil (dados de 2008) está entre as maiores reservas do mundo, suplantando, por exemplo, Alemanha, Hong Kong e Singapura e atrás apenas de Índia, Korea, Russia, Japão e China (fonte: World Development Indicators, acessado em setembro de 2009).

Agora, aula de finanças (nãããããããããooooooooo) pra fechar o dia. Basicamente, vai ser um case sobre avaliação de ativos para fins contábeis cuja lição extraída por nós ontem a noite foi: não confie na contabilidade!!!! Como disse um colega, "lucro é opinião, dinheiro no caixa é fato". Essa é a origem de todos os problemas com fraudes que foram amplamente reportados nos últimos anos com empresas americanas (Worldcom, Enron, etc). É tudo uma questão de interpretação. É a velha história: os números dizem o que a gente quiser, é só saber torturá-los.... :-D

Nenhum comentário: